Setor terciário
Setores económicos |
---|
Hipótese dos três setores |
Setor primário: matérias-primas Setor secundário: indústria Setor terciário: comércio e serviços |
Setores adicionais |
Setor quaternário: atividades intelectuais Setor quinário: sem ânimo de lucro |
Teóricos |
Colin Clark · Jean Fourastié |
Setores por propriedade |
Setor público · Setor privado · Terceiro setor · |
Perspectiva sociológica |
Primeiro setor · Segundo setor · Terceiro setor · |
Na macroeconomia, o setor terciário da economia é um setor econômico, na teoria dos três setores, que descreve o papel do comércio de bens e à prestação de serviços. Abrange uma vasta gama de atividades que vão desde o comércio de mercadorias à administração pública, passando por transportes, atividades financeiras e imobiliárias, serviços a empresas ou pessoais, educação, saúde e promoção social. De fato, o terciário é constituído por atividades complementares aos outros setores (primário e secundário da atividade econômica), focado na composição e adição a bens de consumo.[1][2]
O desenvolvimento do setor terciário[editar | editar código-fonte]
Historicamente definido como um setor residual ou "improdutivo", apenas complementar aos setores industrial e agrícola, o setor de serviços passou a receber mais atenção apenas em meados do século XX. Os serviços são definidos na literatura econômica convencional como "bens intangíveis". Em termos de mercadologia, os serviços são, muitas vezes, utilizados como um meio de adicionar valor ao produto. Um exemplo clássico desta ideia é o chamado serviço de pós-venda. A assistência prestada ao cliente, após a venda do produto, é entendida como um serviço que valoriza o produto, pela garantia da assistência.
Basicamente o setor terciário é o setor que recebe as matérias do setor secundário e as distribui para o consumidor. Atualmente o setor terciário encontra-se extremamente diversificado. As sociedades mais antigas já conheciam algumas atividades, porém, com a intensa industrialização que nos últimos dois séculos vem ocorrendo praticamente no mundo inteiro, o setor terciário diversificou-se, tornando-se mais complexo. Esse é o setor da economia que mais cresceu nas últimas décadas. [carece de fontes]
Observam-se avanços tecnológicos e mudanças estruturais muito importantes. O seu segmento moderno, dito terciário superior, inclui, por exemplo, as grandes empresas de logística, as cadeias de restaurantes, farmácias, supermercados, etc. e requer uma mão de obra mais qualificada. O setor terciário é geralmente trabalho-intensivo, ou seja, emprega mais intensivamente trabalhadores do que máquinas e equipamentos (capital fixo).
Problemas como a hipertrofia do chamado terciário inferior, segmento em que predomina o trabalho informal e a baixa produtividade, ocorrem sobretudo em períodos de alto desemprego e consequente excesso de oferta de mão de obra. Aí se incluem os vendedores ambulantes, biscateiros etc. Já o setor terciário superior inclui as grandes empresas comerciais e os serviços especializados de bancos, saúde, educação, transportes, turismo, companhias de seguros, etc. — que se caracterizam pela alta produtividade e alto valor agregado.
Divisões do setor terciário[editar | editar código-fonte]
A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), vinculada a Comissão Nacional de Classificação (CONCLA), utiliza a metodologia de classificação do setor de serviços definida pela Standard Industrial Classification, classificação esta formulada por especialistas reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).[3]
Dentre as 59 divisões de atividade econômica do setor de serviços da CNAE, 26 divisões caracterizam o setor de serviços, sendo elas:
- Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas;
- Comércio a varejo de combustíveis;
- Comércio por atacado e representantes comerciais e agentes do comércio;
- Comércio varejista e reparação de objetos pessoais e domésticos;
- Desenvolvimento de softwares;
- Alojamento e alimentação;
- Transporte terrestre;
- Transporte aquaviário;
- Transporte aéreo;
- Atividades anexas de transporte e agências de viagem;
- Correio e telecomunicações;
- Intermediação financeira;
- Seguros e previdência complementar;
- Atividades auxiliares da intermediação financeira, seguros e previdência complementar;
- Atividades imobiliárias;
- Aluguel de veículos, máquinas e equipamentos sem condutores ou operadores;
- Atividades de informática e serviços relacionados;
- Pesquisa e desenvolvimento;
- Serviços prestados principalmente às empresas;
- Administração pública, defesa e seguridade social;
- Educação;
- Saúde e serviços sociais;
- Limpeza urbana e esgoto e atividades relacionadas;
- Atividades associativas;
- Atividades recreativas, culturais e desportivas;
- Serviços pessoais;
- Serviços domésticos e organismos internacionais.[3]
O IBGE calcula o PIB dos municípios brasileiros a partir de três setores da atividade econômica (agropecuária, indústria e serviços) e estabelece que o setor de serviços é formado pelos seguintes subsetores:[4]
- Comércio
- Alojamento e alimentação
- Transportes
- Comunicações
- Serviços financeiros
- Atividades imobiliárias e serviços prestados às empresas
- Administração pública
- Demais serviços
Estatísticas[editar | editar código-fonte]
Este artigo ou seção pode conter informações desatualizadas. |
O setor de serviços gera mais da metade da renda nacional, pois corresponde a 76% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016.[5] Fazem parte desse ramo o comércio, o turismo, os serviços financeiros, jurídicos, de informática, comunicação, arquitetura, engenharia, auditoria, consultoria, propaganda e publicidade, seguro, corretagem, transporte e armazenagem, além das atividades públicas e privadas de defesa, segurança, saúde e educação, entre outros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2002 os serviços cresceram 1,49%, valor próximo ao do PIB, que avança 1,52%. Todas as atividades, com exceção do transporte (queda de 0,92%), apresentam taxas positivas, destacando-se a expansão de 7,4% do subsetor de comunicações, ainda influenciado pelos investimentos realizados após a privatização do sistema Telebrás, prestadora de serviços de telecomunicações, em 1998. No primeiro semestre de 2003, o crescimento dos serviços é de apenas 0,4%, contra 0,3% do PIB. O baixo nível de atividade econômica afeta principalmente o desempenho dos subsetores de transportes e comércio, com quedas de 2,9% e 2,7%, respectivamente.
Acompanhando a queda contínua da participação das atividades industriais na geração de empregos nos EUA — representavam cerca de 60% dos postos de trabalho em 1960 e caíram para 16% em 2002 — estudos do Ministério do Trabalho Americano indicam que, em 2.016, 86% dos postos de trabalho nos EUA serão em atividades de serviços ficando apenas 14% para as atividades de produção de bens manufaturados e agro-negócios confirmando a importância crescente das atividades de serviço no processo de geração e distribuição de renda de um país.
A evolução do PIB brasileiro tem sido influenciada significativamente pelo setor terciário. O crescimento anual dos serviços mostra-se geralmente em linha com o do PIB, embora em alguns momentos a expansão dos serviços tenha sido fundamental para mitigar uma queda geral da economia, como em 2009 (2,1% dos serviços frente a -0,3% do PIB) e 2012 (1,9% dos serviços frente a 1,0% do PIB). Com efeito, segundo as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, o setor de serviços (que engloba o comércio), de 2003 a 2013, passou de 64,7% para 69,4% do valor adicionado do PIB. Desde 2004, os serviços têm ganhado espaço no PIB. Em particular, o comércio mostra também significativa expansão, ao passar de 10,6% em 2003 para 12,7% do valor adicionado do PIB em 2013.[6]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ "Secteur tertiaire". INSEE. (em francês)
- ↑ Setor Terciário e Concentração Regional no Brasil por Carlos Roberto Azzoni Research Gate
- ↑ a b CEDEPLAR/UFMG. «Setor de serviços em Juiz de Fora: uma análise comparativa entre os principais municípios mineiros» (PDF). Consultado em 14 de janeiro de 2009
- ↑ Produto Interno Bruto dos Municípios. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Série Relatórios Metodológicos Vol. 29. Rio de Janeiro, IBGE, 2004. 49 p. Consultado em outubro de 2016.
- ↑ Table 3 - Cumulative Rate in the Year IBGE. Retrieved on 30 March 2016.
- ↑ «Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior». www.mdic.gov.br. Consultado em 17 de outubro de 2015